sábado, 9 de abril de 2011

O “Jardim” afundou no barco

Todas as vezes que visito a Estação da EFMM me surpreendo com uma novidade no barco ali enterrado pelo poder público. Amigo Silvio Santos (Zecatraca) não é implicância e nem perseguição, mas pura coincidência. Já falei uma vez que ali tem espíritos que perambulam por lá. Acho que eles estão brincando comigo ou com o prefeito.

Neste sábado, 09 de abril, ao levar umas pessoas para visitar o nosso principal monumento histórico da cidade, me deparei com o “jardim”, que fizeram para camuflar a embarcação soterrada, afundando para dentro do barco. Ou seja, o “belo” serviço com o dinheiro público não esta adiantando para nada. Já disse anteriormente que o barco insiste em sobreviver, queiram ou não, tanto que está desmanchando o “jardim”. Prefeito, ali tem fantasmas e eles não querem nada malfeito naquelas bandas ferroviárias. MUITO Cuidado.

A nossa cultura tem arte de qualidade

Dia primeiro de abril (não foi mentira) tivemos a abertura da Exposição CORES, FORMAS E ENCANTO DA ARTE, composta pelos artistas plásticos J. Messías e Zoghbi, que se estenderá até 02 de maio/2011.
Indico as pessoas que gostam de artes plásticas e aquelas que não conhecem ainda as potencialidades artísticas dos nativos e dos que aqui moram e fazem arte da melhor qualidade. Com a presença de um público seleto e do secretário da Secel, o amigo Chicão, a Exposição é um compacto de dois artistas que se destacam no meio artístico rondoniense. João Zoghbi é o talento nativo que dispensa meu elogio. Mas que costumo classificar como um dos poucos artistas que é realmente inconfundível nas suas pinceladas sobre as telas. Coloco entre os melhores da classe, no nível de Rita Queiroz, Geraldo Cruz e Margot. Esses têm em comum o puro talento entre os artistas rondonienses. Em qualquer lugar do mundo que estiver uma de suas obras sobre tela é possível identificá-los pelos traços do pincel. Vi, gostei e recomendo a Exposição Cores, Formas e Encanto da Arte.

terça-feira, 5 de abril de 2011

A ORALIDADE COMO PATRIMÔNIO

Por: William Haverly Martins*

Sempre me intrigou a índole do administrador público, especialmente daqueles incumbidos do poder de construir, destruir, revitalizar ou simplesmente preservar. O que leva um homem público a construir uma moderníssima pirâmide de vidro em frente ao tradicionalíssimo Museu do Louvre?

Qual a lógica convincente da sua argumentação capaz de levar a contento sua megalomania a 2piR da linha nada?

Que significado teria aquela pirâmide a ponto de sufocar toda uma herança cultural – material e imaterial? Seria o túmulo egípcio na versão francesa, local onde seriam guardados os tesouros artísticos?

Ainda que atrasado e maquiavelicamente de longe, mas com o pressuposto de herdeiro da humanidade de tronco único, arrisco minhas interrogações terceiro-mundistas, irmanando-me a inúmeros críticos da velha Europa.

Mexendo na geografia com os poderes de mago do mariri, feiticeiro das letras, da crítica e da herança emocional, permito-me transportar minhas interrogações, acrescidas perigosamente de exclamações, mais pra perto de nós, as trago para o palco das realizações do administrador do patrimônio histórico cultural do município de Porto Velho.

O que pensa o administrador público quando desce a ladeira Comendador Centeno, a pé ou a bordo dos inúmeros e luxuosos veículos comprados com o dinheiro do povo, e se depara com os escombros de um prédio histórico, onde outrora funcionou uma vibrante Câmara Municipal?

E se eu lhes dissesse que este mesmo administrador brindou a cidade e seu povo com o Mercado Cultural, ignorando o quasímodo de concreto, construído com a autorização estúpida de administradores do passado, que tanto enfeia nosso centro histórico?

E se eu lhes dissesse que este mesmo administrador vem brigando com desapropriações para “doar” à população uma área de lazer e deslumbramento na beira do Madeira, algo digno de aparecer nas fitas de Hollywood, apesar do lixo e do esgoto despejados pela população e pela Prefeitura ao longo de seu silencioso leito?

Um administrador acostumado com o pico das estatísticas também tem seus vacilos, afinal ninguém é perfeito, sim, a cidade está cheia de buracos, o Triângulo está ilhado, a Vila Candelária passou de cartão de visita a cartão de estupefação, a chuva vem castigando impiedosamente a cidade, mas a gente sabe que não é mole administrar uma cidade competindo com as águas de março, é como competir com Deus.

A gente até divisa estas dificuldades operacionais estampadas na face do prefeito, nas poucas aparições publicas. A cara parva dos apaixonados, que o caracteriza diante dos inúmeros problemas, dá dó - bom que se esclareça – apaixonado pela cidade que o acolheu e a qual ele se dedica por inteiro.

Todas estas sombras de inverno contrastam com o brilho veranico da euforia, quando em atos públicos de inauguração deixa aparente, nos olhos alagados, os laços que unem o coração a um rincão que não é próprio. A argúcia petista para solucionar os mais intrincados questionamentos sociais e culturais, bem ao estilo lulista que consagrou o PT no seio da opinião pública, caracteriza o Prefeito.

Certa vez, dias depois da inauguração do shopping, ouvi, no meio dos freqüentadores, por um destes acasos inexplicáveis, uma moça, com o rosto de estréia deslumbrada, comentando com outra, enquanto descia a escada rolante e o prefeito subia a escada ao lado: “Olha lá o prefeito, agora ele se acha, chegou aqui puxando a cachorrinha, e tai, nem olha pros lados”.

Que maldade com um homem simples que galgou todos os degraus do sucesso pelos canais da competência e da democracia, aliás, esta vem sendo a tônica do PT nestes últimos anos, como sou baiano de nascimento, embora rondoniense de coração, conheço bem a administração petista, não sinto saudades do Toninho malvadeza, nem de seus herdeiros.

Por esta e por outras, acredito, com conhecimento de causa, que os vidros do carro do prefeito devem estar embaçados, ou ele não costuma descer a ladeira Comendador Centeno, porque um administrador, como ele, que olha o patrimônio histórico da cidade como um bem que representa identidade, que exalta o valor da nossa cultura, um homem que vê nossos símbolos do passado como o retrato de um tempo histórico tatuado em nossa memória, jamais deixaria um prédio com tanto valor sentimental se acabar daquela maneira, morrendo à míngua como um cão danado, se esfarelando entre os dedos paradoxais do tempo: destrói para nos dar a chance de reconstruir, derruba para nos dar o gáudio da vitória de erguê-lo dos escombros.

Os gritos das paredes da velha Câmara, teimosamente em pé, fotografadas pela sensibilidade minhoqueira de Antonio Serpa do Amaral Filho, atingiram-me no peito e na memória, foi como se ouvisse reverberando no tempo as vozes imortais de Dionísio Xavier, Anísio Gorayeb, João Bento da Costa, Antonio Leite da Fonseca, Luiz Lessa Lima, Cloter Saldanha da Mota, José Saleh Morheb, João Dias Vieira, Amizael Gomes da Silva, Marise Magalhães Castiel e tantos outros que nos deixaram com a missão de preservar-lhes a oratória e a tribuna, onde travaram batalhas memoráveis pelo fim da ditadura militar, pelo progresso do município de Porto Velho que se estendia até os limites do hoje Estado de Rondônia com Mato Grosso, no distrito de Vilhena.

Meu apelo, acenando uma bandeira coletiva, pela urgente restauração do prédio em tela, se desloca do prefeito e passeia pela Nova Câmara Municipal, na busca desesperada de reforço ao pleito de toda a comunidade cultural, de todo o povo desta terra dotado de olhos críticos: os brilhantes vereadores do século XXI não podem deixar que se apague aquela chama, ruínas de um tempo que marcou vidas; não podem silenciar os gritos do passado porque representam a história desta terra e deste povo, não ouvi-los é conviver com a iminente assombração das eleições que se aproximam, é se arriscar a perder os votos fantasmas, comuns aos aluizistas, mas que podem voltar acrescidos dos votos pelecurtistas, com o adjutório convincente dos herdeiros dos embates da lembrança: o autêntico sobrenatural se irmanará ao real, guardiões da cultura, da história e do patrimônio oral da política. UUUUUUUUUUUUUUUUU!!!

Embora saiba da vaidade faraônica dos administradores públicos, não quero, não sonho, nem como centro irradiador de energia, a construção de uma pirâmide de vidro na frente do prédio da velha casa de leis, a humilde sugestão é que o espaço seja transformado no Museu da Câmara Municipal de Porto Velho, com exposição detalhada de todos os discursos proferidos naquela antiga casa, além de fotos, objetos e tudo mais que esclareça aos jovens como os bandeirantes do passado contribuíram para o orgulho de tanta beleza, tanto progresso, engalanando nossos corações.

Poderia ainda servir de sede definitiva para ongs, ou organizações municipais ligadas à cultura, como a Associação Cultural Rio Madeira, instituição que congrega representantes de vários segmentos da cultura do município.

Restaurando os saberes da velha Câmara, a Prefeitura e a Câmara de Vereadores estariam proporcionando às gerações futuras fonte de experiência emocional, incutindo-lhes respeito a sua ancestralidade.


*Membro efetivo da ACRM e Membro efetivo da ACLER