quinta-feira, 5 de maio de 2011

RONDON – Esquecido pelos rondonienses

O dia 5 de maio poderia ser uma data festiva no Estado de Rondônia, ou seja, a mais festejada por todos que moram nas terras de Rondônia. Digo isso até com certa indignação pela falta da lembrança do personagem que emprestou seu nome a esse pedaço de Brasil. Há décadas, não se tem uma hora cívica nas escolas ou até mesmo, para não ser tanto, uma homenagem oficial, no 5 de maio, ao Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon.

Uma pena, isso acontecer. Rondônia é o único Estado da Federação que leva o nome de um brasileiro. E que brasileiro. Um verdadeiro homem público, que se doou por mais de sessenta anos trabalhando por esse país. O resto do país pode ter lá suas razões para esquecer Rondon. Mas, nós rondonienses, não poderíamos jamais deixar de lembrar-se dessa personalidade tão influente num determinado período da história brasileira.

Antes de qualquer manifestação cultural, temos um nome (produto) tão forte e marcante, que historicamente se iguala, ou até mesmo supera - por ser tratar de um homem - a outros patrimônios históricos existentes no Estado, como a Estrada de Ferro Madeira Mamoré e ao Forte Príncipe da Beira. E, sempre, Rondon é o último a ser lembrado dentre os três maiores legados históricos construídos em Rondônia.

Mas sempre é tempo, para fazer esse reconhecimento e sanar essa divida a a memória desse matogrossense nascido no dia 5 de maio de 1865, no distrito de Mimoso, as margens da baía de Xacororé, hoje município de Santo Antônio do Leverger, no Pantanal do Mato Grosso, localizado a 32 quilômetros ao sul de Cuiabá.

Festejamos, merecidamente, tantas outras tradições da nossa cultura, com o apoio oficial, como o carnaval, as festas juninas, e, timidamente, o 4 de janeiro, data importante de implantação do Estado de Rondônia. Devemos sim, festejar a data do nascimento do Patrono de Rondônia, e por lei, colocar na agenda oficial para ser lembrada de forma efusiva em todo o Estado.


Se não bastasse o desprezo oficial, temos uma divulgação negativa de alguns poucos professores nas escolas públicas, que coloca Rondon como “um matador de índios”.

Ouvi e testemunhei isso dos próprios acadêmicos e estudantes de escolas de Porto Velho que me disseram que professores da disciplina de história diziam em sala de aula. Qual motivo leva um professor a dizer isso? Qual a finalidade dessa agressão a história desse homem que tanto defendeu dezenas de etnias indígenas pelo país. Posso dizer que é desconhecimento a história de Rondon. Pois foi ele, o primeiro a propor a criação de um órgão oficial para tratar da questão indígena.

Rondon morreu há 52 anos e, já era tempo da realidade indígena ter mudado de cenário. Mas, em pleno século 21,o governo dispensa tratamento digno aos poucos povos indígenas que sobrevivem de forma miserável em solo brasileiro. E hoje temos antropólogos doutores, ONGs, FUNAI, que se dizem defensores das causas desses povos.
Voltando a questão.

Eu não duvido, que a grande maioria dos que moram nesse Estado não sabem que data é essa, 5 de maio, e porquê o nome do Estado leva esse nome. Não digo que é uma vergonha para os que desconhecem, mas é uma falha na educação e na falta de divulgação do nome de Rondon para os rondonienses.

Nessa falha, excluo a imprensa rondoniense que sempre que alguém tomou alguma iniciativa para lembrar Rondon, a mídia deu amplo espaço para divulgar a história do Marechal Incansável.

Nessa divulgação, me incluo, até por me achar na obrigação, como rondoniense, de propagar a magnífica historia de Rondon, através de exposições, que iniciei, ainda, em 1987, em Porto Velho, que foi exposta no Museu Estadual de Rondônia. Desde aquele ano, venho fazendo exposições, escrevendo para jornais, dando entrevistas para a imprensa, fazendo palestras nas escolas e faculdades, e até fiz um pequeno livro com a sua biografia para doar aos interessados.


Após essa queixa, esse desabafo, vou postar nos próximos dias o legado que Rondon deixou para os rondonienses. Aguardem.
Exposição "De Rondon para Rondônia" - ano 2000.


Exposição promovida no Museu Estadual de Rondônia, em 1987.