segunda-feira, 20 de junho de 2011

MUSEÓLOGO? (Parte 1)

Se eu não falar de mim... Quem falará por mim...
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Sou servidor público federal desde 1980, portanto, são 31 anos de serviços prestados, e meu contrato é de Agente Administrativo, quando Rondônia ainda era Território Federal. Em 1982, recebi uma bolsa de estudo para estudar Museologia no Rio de Janeiro. Ao concluir a faculdade, em 1986, como Bacharel, voltei a Porto Velho e ao trabalho na então SECET, hoje SECEL.
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MINHA PRÁTICA NOS MUSEUS
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Nessa época era um jovem com muita vontade de mostrar o que havia estudado, e, fui logo nomeado pelo professor Raimundo Nonato Castro para o cargo de Diretor do Museu Estadual de Rondônia, em agosto de 1986. O Museu ficava em um prédio com bom espaço, hoje pertencente ao SATED, situado aAv.7 de Setembro, centro.
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Ali, com uma equipe empolgada pelo trabalho, fizemos o que era possível museologicamentee, tornamos o Museu conhecido por toda a população da cidade à época.
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O Museu chegou a ter uma visitação média de 6 mil pessoas mensalmente, com picos de 12 mil pessoas, comprovadamente com assinaturas em livros de visita. Portanto, o museu tinha uma visitação surpreendente.


O prédio do Museu de Rondônia, na Av. 7 de Setembro. Para isso acontecer, havia uma tremenda divulgação pela mídia local, uma programação educativa, atividades diversificadas como exposições temporárias, campanhas sociais, exibição de vídeos, lançamentos de livros, etc, etc e etc... Nossa passagem pelo Museu de Rondônia pode ser comprovada por documentos, fotografias e recortes de jornais.
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Continuava sendo Agente Administrativo, mas para que assumisse essa responsabilidade, fui nomeado com UMA GRATIFICAÇÃO CHAMADA “DAS” (hoje CDS). Portanto, me reconheceram como profissional formado na área da museologia. Essa época o Estado era governado por Jerônimo Garcia de Santana (PMDB).
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Ainda nesse período, viajamos para todas as cidades do Estado que tinham museu e demos nossa contribuição técnica, principalmente aos museus Casa de Rondon, de Vilhena e ao Museu das Comunicações Marechal Rondon, em Ji-Paraná. Até hoje existem testemunhos do nosso trabalho no Museu de Ji-Paraná,em 1988.
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Depois desse sucesso e com a eleição de Osvaldo Piana fui designado para dirigir o Museu da Estrada de Ferro Madeira Mamoré em janeiro de 1990. Lembro-me que no inicio do ano o Piana fez uma visita a Estação da Estrada de Ferro, já que ele visava a recuperação daquele complexo. Fui recepcioná-lo, e, em meio a conversa pediu-me um PROJETO PARA O MUSEU FERROVIÁRIO, e quando estivesse pronto que eu levasse o projeto até a SEDUC, a ser entregue ao Secretário.
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Com o projeto concluído, fui até a SEDUC e recebi uma das maiores respostas negativas da minha vida. Uma conhecidíssima professora, que recuso dizer o nome, assessora do Secretário, me recebeu muito mal, perguntou o que eu queria.
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Falei o assunto e ela nem deixou que fosse recebido pelo Secretário e ainda completou com a seguinte frase:
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- Temos outras prioridades e essa não é nossa prioridade, volte no final do ano.
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A professora me deu as costas e foi embora rapidamente. Acho que a professora levou para o lado político, por ter sido nomeado pelo governo anterior com um DAS para ser diretor do Museu. Até hoje, ainda é assim, o lado profissional e técnico é substituído pelo político.
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Não tive reação. Com a pasta na mão segui de volta ao Museu completamente “broxado”. Ainda resisti até o mês de setembro de 1990 e pedi as “contas do cargo”.
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Fui cumprir com minhas obrigações de Agente Administrativos na Escola Carmela Dutra.

MUSEÓLOGO? (Parte 2)

A partir de 1991, passei a me dedicar aminha atividade particular de Iluminador de espetáculos, com DRT 077. Eu e meu irmão Sérgio somos pioneiros como iluminadores profissionais. Fizemos centenas de espetáculos com iluminadores, tanto em Porto Velho, como por todo o Estado e até no Estado do Acre.
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Mas por meus trabalhos e compromissos políticos me levou a ocupar cargos como Secretário Municipal entre 1997 e 2003 – SEMCE, FIMA e SEMA. Portanto fora da museologia.
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Após ter deixado o cargo de Secretario Municipal da SEMA, em 2003, voltei para SECEL. Mas, acho que, por ciúme ou por questões políticas o Secretário da SECEL me MANDOU para o Museu da Madeira Mamoré, como uma forma de ficar bem longe dele. Foi uma maravilha. Na Madeira Mamoré, pude escrever um livro sobre o assunto. Lá conheci pessoas de todo o país. No Museu da Madeira Mamoré minha situação era como a dos outros colegas, subaproveitados, cumprindo minha função de Agente Administrativo.
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Saí de lá, em janeiro de 2006, para ocupar o Cargo de Secretário da SECEL, justamente no lugar do Secretário que não me queria perto dele.
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Exonerado em 2007, voltei para a Estrada de Ferro, como Agente Administrativo.
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Mas no início de 2008, recebo o convite da professora Nazaré Silva para fazer uma palestra sobre o boi-bumbá para um seminário sobre o Folclore em Rondônia. Logo após o Seminário fiquei lotado no Centro de Documentação da SECEL. O Museu da Madeira Mamoré havia sido desativado pela Prefeitura de Porto Velho.
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Ainda, em 2008, por empenho da Professora Nazaré Silva a SECEL passou a fazer, em parceria com o MINC, oficinas de Museus por todo o Estado. E por ela fui convidado a participara dessas oficinas museológicas, que tanto vem contribuído para o segmento no Estado.
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Lembro-me, que na ocasião de apresentação dos participantes da primeira Oficina, no auditório da Biblioteca Francisco Meirelles, até brinquei, quando ao me apresentar eu disse que era um “museólogo desativado”, assim como os museus de Porto Velho.
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Após a Oficina, me senti entusiasmado para trabalhar com museus. Por isso, estive na cidade de Ariquemes, em abril de 2008, a convite da Prefeitura, na administração do então prefeito Confúcio Moura, para contribuir na implantação do Museu criado por ele no belíssimo bairro Marechal Rondon.
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Foi o primeiro Museu a ter seu plano museológico dentro de Rondônia. Mas, por motivos que não convém citar nesse momento, o Plano não foi levado adiante. Se fosse concluído o que estava no papel, o Museu Rondon em Ariquemes seria inovador no Brasil, com uma concepção social compartilhada com a comunidade (Mas isso é outra conversa).
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Recentemente na cidade de Cacoal, por ocasião da realização da última Oficina Museu, Memória e Cidadania, promovida pelo Ministério da Cultura, através do Instituto Brasileiro de Museu-IBRAM, em parceria com o Governo de Rondônia, através da SECEL, ocorrido nos dias 24 a 26 de maio de 2011, o Plano Museológico do Museu Rondon, de Ariquemes, foi apresentado aos participantes da Oficina, a pedido da ministrante museóloga Marcelle Pereira, coordenadora do IBRAM, como um exemplo de um Plano Museológico inovador.
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A museóloga ainda solicitou uma cópia para divulgar a experiência de Ariquemes em uma revista especializada de circulação nacional.
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Quando possível temos dado nossa contribuição.
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Ainda, em setembro de 2008, recebi o convite da Gerencia de Cultura da SECEL para ser Coordenador dos Pontos de Cultura, programa resultante de Convênio entre o Governo de Rondônia e o Ministério da Cultura, e minha missão foi de implantar o programa em todo o Estado. Para isso, toda a equipe, coordenada por mim, foi nomeada por Portaria, sem nenhuma remuneração, para a função de grande responsabilidade, uma vez que o Convênio dos Pontos de Cultura é de um montante financeiro de CINCO MILHÕES E MEIO de Reais a serem executado em três anos. Foram implantados 30 Pontos de Cultura, abrangendo todos os cantos do Estado. Na função de coordenador permaneci até agosto de 2009. Mas continuo na equipe de coordenação dos Pontos de Cultura. Não sei até quando.
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Nessa curta memória dos meus últimos 20 anos, deu para perceber que não fiquei de braços cruzados ou roendo as unhas nas salas das secretarias.
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FIZ ESSE RODEIO TODO PARA DIZER QUE ESTOU AFASTADO DA MUSEOLOGIA NO GOVERNO HÁ MAIS DE 20 ANOS.


O interior do Museu de Rondônia em 1988, instalado em prédio amplo e um acervo significatico.

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MUSEÓLOGO? (Parte 3)


Parte da equipe: Da esquera para a direita: Antropóloga Lúcia, eu, Arqueóloga Márcia e o Antropólogo japonês.


Portanto, como Agente Administrativo, nesse período, não fui o responsável por nada nos Museus do Governo do Estado. Infelizmente, nesses anos todos eles entraram em decadência e atualmente estão completamente reduzidos em pequenas salas dentro do prédio da SECEL.
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Se for contar a historia da degradação desses museus nesse período vou causar desconforto e vergonha por termos tido governos sem compromisso com a nossa cultura.
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A CULPA MINHA?: NÃO! Nunca fui nomeado para assumir a direção de nenhum deles nas ultimas duas décadas. Se eu fico triste com isso? Claro. Afinal não estudei museologia porque o curso é bonitinho ou diferente. Desde criança tive influencia de meu pai, um colecionador de raridades e, também, por saber que em Rondônia nós tínhamos Museus, por isso quis essa profissão. Mas trabalhar somente por amor a profissão, não existe. Nem médico faz isso pela salvação dos seus semelhantes se não for devidamente empregado.
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Sou bacharel em Museologia, sim, mas como servidor do Governo Federal sou contratado como Agente administrativo com orgulho. Portanto, minha responsabilidade com após 1990 com os Museus nunca existiu, até porque, nenhum secretário da SECEL me convidou para assumir algum desses órgãos.
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Para os desinformados, portanto, não tenho culpa de os “museus” de responsabilidade do Governo do Estado se encontram nestas condições.
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MAS EXISTE UMA ESPERANÇA, e acredito nela, vinda do governador Confúcio Moura, sensível com a questão cultural, em destinar o prédio do Paláciodo Governo, para que ali se instale o Museu. Essa vontade política do governador será a maior contribuição a cultura e a museologia de Rondônia. Vamos ter pela primeira vez um verdadeiro Museu. Ganhará a população do Estado e os turistas.